quinta-feira, 27 de maio de 2010

tédio

Sabe esses dias em que horas dizem nada
E você nem troca o pijama, preferia estar na cama
O dia, a monotonia tomou conta de mim
É o tédio, cortando os meus programas, esperando o meu fim
Sentado no meu quarto
O tempo voa
Lá fora a vida passa
E eu aqui à toa
Eu já tentei de tudo
Mas não tenho remédio
Pra livrar-me deste tédio
Vejo um programa que não me satisfaz
Leio o jornal que é de ontem, pois pra mim, tanto faz
Já tive esse problema, sei que o tédio é sempre assim
Se tudo piorar, não sei do que sou capaz
Tédio, não tenho um programa
Tédio, esse é o meu drama
O que corrói é o tédio
Um dia, eu fico sério
Me atiro deste prédio.[♫]¹




¹ Composição de Álvaro Prieto Lopes, Bruno Castro Gouveia, Miguel Flores da Cunha e Sheik. Música gravada por Biquíni Cavadão.


Pôr um fim ao tédio é o desafio que o Eclesiastes propôs para nós.
Já se disse que o essencial na vida é invisível aos olhos, que as coisas
mais centrais passam despercebidas pela visão. Mas o Eclesiastes não
dá sinais de que assina embaixo dessa afirmação. Ele olha e descreve
o que vê, analisa e chega a conclusões. Ele não vê uma realidade por
trás da realidade que enxerga, não consegue discernir um roteiro que
a realidade esteja seguindo. Ele olha o mundo e seu jeito de funcionar,
e tudo o que enxerga é vaidade; são bolhas de sabão que estouram
com qualquer variação no vento.
Para o Eclesiastes o que se vê é o que existe, o que importa
são as linhas: as entrelinhas ele descarta.
E quais são os adjetivos que ele usa para descrever essas linhas?
Absurdo, fútil, inútil e injusto: essas são as qualificações que dá ao
trabalho que o homem realiza debaixo do sol. Nada muito animador,
nada que nos motive a pular da cama na segunda-feira ou a tirar da
mente a ideia de pular do prédio.
- trecho do livro de Ed René Kivitz em O livro mais mal-humorado da bíblia.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa;

o essencial é que saiba amar.

[Machado de Assis]